quarta-feira, 9 de março de 2011

Para que tanto "para que"?

Oi, pessoal,

no último encontro, trabalhamos sobre a seguinte pergunta: "para que filosofia?". Muitos sugeriram respostas. "Filosofia é inútil, não serve para nada" foi uma delas. Outra: "filosofia serve para fazer questões, a ciência para responder questões". Mais uma: "filosofia serve para pensar". Todas essas respostas são válidas, mas percebemos que, no final das contas, são apenas válidas como opiniões. 

Constatamos isso ao perceber nossa dificuldade em definir a filosofia (eu, professor, também passo por essa dificuldade). Em suma: como posso dizer para que serve uma coisa se eu ainda não sei o que ela é? Ou será que o que define uma coisa é a sua utilidade? Será que a essência de uma coisa é a sua utilidade? Será que o que define o que é uma coisa é aquilo para que ela serve? Quer dizer então que eu, Carlos, perguntado pelo que eu sou, devo dizer apenas para que eu sirvo? E o Antônio, a Raquel e o Luiz também? 

Pensemos neste verbo, "servir". Quando perguntamos para que serve a filosofia, estamos também nos perguntando para quem ela serve, porque "servir" significa estar determinado por alguém a fazer alguma coisa. Por exemplo:" o servo serve ao senhor"; "o empregado serve ao empregador"; "a ciência serve à sociedade" (será?); "a chuteira serve ao jogador de futebol" (pelos menos à maioria deles).

Porém, quando temos um amigo, faz sentido perguntarmos pela utilidade desse amigo? Não há um conflito entre o conceito de amizade e de utilidade? Seria adequado perguntarmos "para que me serve esse meu amigo"? Será amizade de verdade se houver esta assimetria, ou seja, se eu o encarar como um instrumento? É verdade que um amigo pode me servir para muita coisa, mas se ele  me servir, então ele não é meu amigo, mas alguém que vejo como um servo a meu serviço.

Voltando à questão da filosofia: será que tudo tem que servir para alguma coisa? Não seria a filosofia, que estamos constantemente descobrindo, algo parecido com a amizade? Talvez ela sirva para muita coisa, como servem os amigos. Mas os amigos são definidos pelo que nos servem ou, pelo contrário, justamente porque não nos servem, porque discordam quando necessário, porque são legais do modo como são e como nos respeitam? 

Para terminar essa reflexão, sugiro a leitura da tirinha abaixo. Cascão e Cebolinha não são apenas grandes amigos entre si, eles também são amigos da Sofia. 



3 comentários:

Unknown disse...

Nossa! Achei uma graçinha a história em quadrinhos. Certamente, utilidade de algo depende do ponto de vista de cada um e do momento. Uma hora pode nos ser útil e em outro momento pode não servir para nada. Ás vezes vale a pena questionar e outras vezes não, mas nos fazer refletir sobre isto é muito interessante.

Unknown disse...

Desculpe, acho que me esqueci de especificar que sou da turma 2004.


Agradeço.

Caroline de Lima Rieger

Prof. Carlos disse...

Oi, Caroline, desculpe não ter publicado seu comentário antes! Um abraço, Carlos.