segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sobre a experimentação animal


No último sábado, dia 16, ocorreu o Dia Internacional de Protesto contra a Experimentação Animal. O grupo "Cadeia para quem maltrata os animais" fez uma série de manifestações Brasil afora. O grupo também tem Facebook. Pode ser um bom começo para os grupos que resolverem defender este lado da polêmica nas campanhas da 3001 e 3002.

Um começo para os que pretendem defender o uso de animais em laboratório é este texto publicado na Superinteressante. Há também o site da Fapesp, a Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo, valiosa fonte de informações sobre a produção científica e que está mais próxima do "núcleo duro" da ciência do que a Superinteressante.

Lembrem-se todos: as campanhas não devem ficar na superficialidade e no apelo às emoções. Elas devem defender uma posição e informar tanto ao público que queira fortalecer a sua posição, quanto àquele que esteja em dúvida.

Tenho certeza que todos trarão ideias criativas :)

Um abração,
Carlos

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Evoluindo o senso crítico...

Oi, pessoal,

não pudemos nos dedicar, nas turmas de 2ª Série, às ideias do filósofo francês Jean-Jacques Rousseau. Uma pena. Rousseau foi tão ricamente interpretado na história das ideias que seu nome é constantemente associado às origens de correntes conflitantes, como o Iluminismo e o Romantismo.

De qualquer forma, deixo aqui um questionamento possível a partir de suas ideias: será que a oposição entre um estado de natureza e um Estado Civil é totalmente coerente? Melhor ainda: será que esse estado no qual vivemos e que nos acostumamos a chamar de "civilização" se opõe à barbárie? No senso comum, sempre ouvimos a opinião de que "somos seres mais evoluídos que os outros animais" ou de que "estamos evoluindo a cada dia". Será isso verdade? Não deveríamos primeiramente analisar o conceito de evolução, antes de construirmos nossa realidade a partir dessas impressões descompromissadas?



Para ilustrar essas questões, havia planejado passar um clipe da banda Pearl Jam, chamado "Do the Evolution". Na 2004, atendendo ao pedido do Charles, passei o clipe no final da aula. Como não rolou na 2003, comprometo-me a passar na próxima aula. Fica aqui, de qualquer modo, o clipe, que é produzido pelo MacFarlane Studios. Para quem não sabe, Todd MacFarlane é um desenhista, criador de HQs e empresário que revolucionou o traço e as narrativas das histórias do Homem-Aranha e criou o Spawn.


I.P.C.: a banda Pearl Jam já foi algumas vezes muito, muito mal interpretada. Trata-se de um grupo inteligente e crítico, que jamais faria apologia à violência gratuita ou à alienação de indivíduos. O clipe complementa a letra (link com tradução), que é nitidamente crítica, irônica, e escarnecedora. Como somos todos seres humanos, a música é, logo, também autocrítica, autoirônica e autoescarnecedora, ou seja, nada estúpida. Logo, eu tenho certeza que nenhum de vocês, ao ouvir a música e ler a letra, se sentiu assim:


Nada contra a camisa preta, o gesto do Heavy Metal ou à expressão do sujeito. Nada contra o seriado Os Simpsons, que acho igualmente inteligente, irônico e escarnecedor. O problema é, digamos, a maturidade intelectual e moral do personagem em cena.

Um abração a todos!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Redação do ENEM é filosofia também (rimou)

Aqui vai uma sugestão para as turmas de 3ª Série se prepararem para nossa avaliação de quarta-feira. Sugiro que os alunos da 2ª Série também assistam ao vídeo, já que, em algum momento (espero que o mais breve possível) também poderão ser avaliados através de uma redação. Notem que a redação do ENEM não é uma avaliação restrita à língua portuguesa, mas uma avaliação integral do candidato, já que exige conhecimentos gerais, pensamento lógico e crítico, além de capacidade de planejamento e síntese. Não por acaso, a redação tem maior peso que as demais avaliações: ela confere competências fundamentais para a aprendizagem em qualquer curso superior, seja matemática, letras ou medicina.


Quanto ao filme a que começamos a assistir na semana passada, Homo Sapiens 1900, eis aqui um link para um trecho dele no Youtube e aqui um link para uma resenha sobre ele. O diretor sueco Peter Cohen, cujo pai foi um judeu alemão perseguido por nazistas, já dirigiu outros documentários, dentre eles o aclamadíssimo Arquitetura da Destruição. Vale conferir, já que não se aprende apenas com o conteúdo de seus filmes, mas com seu domínio sobre a arte de tecer uma narrativa documental apenas a partir de registros históricos audiovisuais, estudo aprofundado sobre os fatos e um bom trabalho de edição de imagem e de som. É verdade que seus filmes parecem lentos, mas é interessante nos perguntarmos se isto não é uma opção estética do diretor. Seria o filme muito lento ou a nossa percepção, enquanto reflexo de uma sociedade que transborda informações, muito acelerada?

Um abraço a todos!

domingo, 3 de abril de 2011

Aonde estão meus olhos de robô? (2003 e 2004)

Oi, pessoal!

Primeiramente, gostaria de agradecer a participação de vocês durante as últimas aulas. Sem ela, aproveitaríamos muito menos esse tempo precioso para a expressão, reflexão e aprimoramento de nossas ideias. Vamos lá:

Depois de nos perguntarmos o que é e para que serve a filosofia, descobrimos que seria uma atitude mais produtiva começarmos pela ação. Assim como nas primeiras aulas de matemática não perguntamos o que é matemática, mas aprendemos a contar e calcular, também na filosofia não temos a obrigação de saber com absoluta clareza o que ela é para exercitarmos o pensamento crítico e a reflexão sobre conteúdos específicos da área.

Uma forma simples de descobrir o que é a filosofia e aprender a filosofar é estudando o texto de um filósofo e observando o que ele faz através deste texto. Foi o que fizemos nas turmas 2003 e 2004, em que tivemos o prazer de ler algumas linhas de "O que é o iluminismo?", do filósofo alemão Immanuel Kant.

Muitos conceitos e princípios naturalizados e que, hoje em dia, temos como "óbvios" ou "evidentes", como os direitos humanos ou a liberdade individual, formaram-se há pouco mais de um par de séculos. Como observa Lynn Hunt, professora de história da Universidade da Califórnia e autora de A invenção dos direitos humanos, "no século XVIII (e de fato até o presente) não se imaginavam todas as 'pessoas' como igualmente capazes de autonomia moral. Duas qualidades relacionadas mas distintas estavam implicadas: a capacidade de raciocinar e a independência de decidir por si mesmo" (p. 26).

No texto de Kant, essa ideia fica clara: embora sejamos capazes de sair da menoridade que nos impomos, poucos seriam aqueles que, na sua época, teriam coragem para "fazer uso de seu próprio entendimento sem a condução de outro". Este problema era e é um problema de ordem política, pois uma vez que admitimos a possibilidade de pensarmos por conta própria, temos que nos perguntar por que não é em todos os casos que essa possibilidade se torna realidade.

Quem saiu da menoridade, ou seja, quem é autônomo e quem não é?
Quem define quem é autônomo e quem não é?
Quem ou o que é responsável pela permanência ou saída daquele estado de menoridade, apenas o indivíduo ou também a sociedade na qual ele nasceu?
Qual o papel das instituições sociais e, no nosso caso, da escola, neste processo de condução para a servidão ou para a autonomia?
Estou me tornando um cidadão livre e responsável ou um ser robotizado, que só sabe dizer "não, senhor" e "sim, senhor", como aquele descrito por Pitty em Admirável Chip Novo?


Por essa música, eu diria que a Pitty é amiga da Sofia.

Para terminar o post, deixo duas dicas de fontes que influenciaram esta música. Uma é previsível: o livro Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, que inspirou não só o título da música, mas boa parte da ficção científica do século XX (e que, em alguns aspectos, não é mais ficção). A outra é o filme Blade Runner: o caçador de andróides, de Ridley Scott. Eis um vídeo:




Até a próxima aula!